quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O chão de Luciane

Pprimeiramente, gostaria de agradecer a todos os comentários no meu último conto. Achei legal que muita gente tenha interpretado o final como a morte do irmão, apesar de eu achar que o conto pudesse ser algo mais do que isso (algo como a transissão de uma etapa da vida para a outra; ou mesmo de crescimento e mudanças, tanto próprias quanto no ambiente que nos rodeia. Como uma parte que se perde e nunca mais retorna). Mas enfim, creio ser uma história de perda e, até, quem sabe, de evolução. Mas o conto era em si muito curto, acho até que "sonegou" algumas informações que pudessem levar a essas conclusões. Digo isso não como um: "vocês deveriamter interpretado assim" (até porque não acredito em uma interpretação unívoca e inequívoca), e sim como uma observação frente às minhas expectativas. Falando nisso, alguém já experimentou ler o meu conto "Fumaça e espelhos" como um conto de suicídio? Está um pouco mais para baixo, ou aqui para quem tem preguiça (http://visoesnaareia.blogspot.com/2009/08/fumaca-e-espelhos-redux.html). Gostaria até de saber se ele permite esse tipo de leitura.
E, claro, antes de passar mais adiante, queria esclarecer que leio tudo e "filtro" o que me foi dito. Muitas vezes não é bom ouvir de outras pessoas que o que nós escrevemos não está toda essa maravilha, mas saber as causas disso ajuda muito para o auto aprimoramento. E concordo com algumas coisas que foram ditas, aliás. Não sou chato com críticas, não. Sabendo ter respeito, acho que todos ganham.

Aliás, demorei para postar aqui hoje porque faz pouco tempo que meus pais retornaram de uma viagem ao exterior, e trouxeram a minha encomenda, que é um videogame novo! Yeah! Pode ser que eu comente menos no blog dos outros daqui para frente, mas será por uma boa causa ;-)

Ahem: agora, antes tarde do que nunca:

O chão de Luciane

Essa é a história de Luciane, a mulher que ficou sem chão. Pois veja bem, um dia, sem mais nem menos, o chão resolveu que não seria mais dela. Renegou-a. Pelo que se conta, ela descobriu isso de manhã. Ela acordou pronta para levantar da cama. Quando ia pôr os pés no chão... Nada. Não conseguia sentir o assoalho. Chegou a pensar que aquele seria um sonho estranho ou algo do tipo. Voltou a dormir, mas quando tentou de novo… Nada.
Ela simplesmente ficou ali, suspensa no ar. E quando se mexia, quase caía. Mas por sorte – ou azar – não batia no chão. Ao menos não se machucava. Respirou fundo e tentou andar, mas também não deu muita sorte. Afinal, sem lugar onde se apoiar, não conseguia sair do lugar.
Levou algumas horas até finalmente pegar o jeito. O que ela tinha de fazer era tão somente voar, que logo saía de onde estava. Primeiro, treinou pela casa, flutuando de cômodo em cômodo. Depois, saiu a praticar pelas ruas, perambulando pelo ar.
Ao fim daquela semana, Luciane já estava bem proficiente na arte de voar, e ia aonde quisesse sem grande esforço: ao shopping com as amigas, à casa de seus pais, visitar o irmão. Até tentou ensinar o seu sobrinho a voar, mas ele já estava muito velho para entender. Se ainda fosse novo o bastante, talvez conseguisse…
Pois bem: o tempo ia passando, e ela continuava ali, flutuando. Começou a sentir uma falta sem tamanho de botar os pés na terra… Podia subir nos móveis e no segundo andar dos prédios, mas no chão, aquele com quem ela realmente se importava… Nada. Sentia-se desolada, mas o que podia fazer se ele não a aceitava de volta?
Hoje, algumas pessoas dizem que é possível ver Luciane voando para o trabalho enquanto leva a filha para a escola. Ela está ensinando seu marido a voar, enquanto a filhinha já flutua um pouco. Em breve, quem sabe, veremos os três passeando juntos pelos ares.




Vamos ver que tipo de comentários esse pequeno texto incita. Muahahaha (insira aqui uma risada maligna)!

7 comentários:

Thiago César disse...

cara, nao espere nenhuma comentario inteligente de mim... hehe!
tudo o q posso dizer eh q gosto muito desses contos de caráter meio surreal, mas q na verdade parecem ter um significado bem mais perculiar sobre a realidade.
mas q significado eh esse, nao me atrevo a tentar descobrir... hehe!
enfim, gostei muito, parabéns!

A moça da flor disse...

tou virando fã dos seus contos!
sempre surpreendentes!
me atreverei a dar uma interpretação pessoal, não ligue se essa não for o significado que você deu ao escrever. Bueno...
Me pareceu que a tal moça é deveras sonhadora por viver flutuando e disso dependeu o fato do chão tê-la abandonado. "Até tentou ensinar o seu sobrinho a voar, mas ele já estava muito velho para entender." . Essa parte contribuiu pra minha interpretação. Me lembrou a história de acreditar em papai noel que passa tanto nos filmes natalinos, "as pessoas de coração puro que ainda acreditam em papai noel, pra elas ele existe".

Denovo... muito bom!!!
Postei uma música minha lá no blog... depois dê uma olhada ^^

beijos! Boa semana

. disse...

Já tinha tido a honra de ler esse conto antes (ser amiga pessoal do dono do blog tem suas vantagens.... huahahuahua), e já tinha gostado muito.

Deste uma mudada nele ou fui eu que mudei desde a última vez que li?

De qq forma, parabéns. Ah, sobre o último conto, tbm o li como sendo sobre morte. Na verdade eu tinha ficado pensando se quem morreu tinha sido o irmão ou o próprio personagem. Vou tentar lê-lo com a mente aberta para outras interpretações, daí te conto.

bjs, guri!

CA Ribeiro Neto disse...

Marcelão, você me desculpe se eu critiquei demais o conto passado, mas é que eu critico os textos que leio da mesma forma que espero que me critiquem. Se achar que um texto meu não é tão bom, quero que me diga. Eu já me surpreendi muito com esse meu blog.

Quanto a esse conto de agora, gostei muito!
Fazendo uma comparação entre uma critica que fiz a seu texto passado e a esse agora, esse tem uma harmonia muito boa, coisa que acho que falou no passado.
Achei interessante pq o "ficar sem chão" no começo é visto como algo ruim, e até pensei que seria algum problema da vida dela que a deixou "sem chão". Mas depois ela se acostuma e passa a ver esse "problema" como uma coisa boa.

Por isso, eu interpretei, não como "A moça da flor", que diz que ela seria uma sonhadora, mas como a Luciane tendo a capacidade de adaptar-se ao problema e transformá-lo em uma virtude.

Aguardo ansiosamente pela próxima quinta para que nos diga qual é a real interpretação.

Thiago César disse...

primeiramente, keria agradecer pelo comentario, e aceito a critica, tb gosto de contos nesse estilo q vc falou... axo q tenho uns mais ou menos assim, não sei.
segundo, vc nao eh a primeira pessoa q diz q prefere meus contos a meus poemas! hehehe! deve ser pq os poemas eu escrevo por escrever, na hora em q vou postar, ou seja, nao trabalho muito eles, jah os contos, sim.
porém, hj em dia não escrevo mais contos, todos os contos presentes no meu blog e os q eu ainda vou postar eu escrevi há uns 4 ou 5 anos atrás, quando estava viciado nesse tipo de leitura...
enfim, valew!

Gerusa Leal disse...

Interessantíssimo o conto. Lembrou-me de um sonho recorrente em que eu sempre voava, e para me deslocar precisava me movimentar como se nadasse...rs Parabéns.

Quanto à RECITATA, fiz parte do júri oficial preliminar, Marcelo. O júri final não aproveitou nenhum dos selecionados pelo júri oficial na final. Tem site sim http://www.recife.pe.gov.br/2009/08/15/recitata_escolhe_melhores_performances_168080.php
Beijos e até já.

Giovana disse...

muito legal!!

mas não achei tão legal quanto o outro... hueheuheuhe

achei meio... infantil.. xPP

e quanto a sua ideia... é trabalhosa demais!!