Fumaça e Espelhos
Ele levantou cedo da cama, desligando o despertador que insistia em tocar ruidosamente ao seu lado. Roçou a cabeça de leve, desarrumando sua cabeleira negra. Passou a mão pelo rosto e sentiu a barba rala que se aventurava até o meio o pescoço.
Tirou o lençol abarrotado de cima da cama e levantou-se, abrindo os braços finos e compridos para espreguiçar-se. Esfregando os olhos, caminhou até o banheiro, onde tirou o pijama e ligou a água do chuveiro. Lavou-se vagarosamente com a água morna, despertando de gota em gota.
Saiu do chuveiro e puxou uma toalha, que todas as noites deixava pendurada no box para não ter que passar trabalho pela manhã. Ainda pingando sobre o chão gelado de mármore, lambuzou o rosto com creme de barbear e puxou sua gilete.
Sobre a pia do banheiro, havia um espelho que ele usava para fazer a barba. Começou passando a lâmina pela face esquerda, prestando atenção em sua imagem para não errar. Quando terminou aquele lado, lavou a gilete na pia para tirar o excesso de espuma.
Nem teve tempo de perceber sua imagem refletida estendendo a mão para fora do espelho e, num movimento rápido, rasgar-lhe a garganta.
Sem emitir um ruído sequer, deslizou até o chão, sentindo um arrepio frio em seu pescoço.
Sua imagem estava imóvel, observando-o com um sorriso malicioso. Apenas mais tarde, apercebendo-se de sua própria natureza, é que enfim sentiu um corte profundo na garganta e caiu, sangrando até a morte.
Tirou o lençol abarrotado de cima da cama e levantou-se, abrindo os braços finos e compridos para espreguiçar-se. Esfregando os olhos, caminhou até o banheiro, onde tirou o pijama e ligou a água do chuveiro. Lavou-se vagarosamente com a água morna, despertando de gota em gota.
Saiu do chuveiro e puxou uma toalha, que todas as noites deixava pendurada no box para não ter que passar trabalho pela manhã. Ainda pingando sobre o chão gelado de mármore, lambuzou o rosto com creme de barbear e puxou sua gilete.
Sobre a pia do banheiro, havia um espelho que ele usava para fazer a barba. Começou passando a lâmina pela face esquerda, prestando atenção em sua imagem para não errar. Quando terminou aquele lado, lavou a gilete na pia para tirar o excesso de espuma.
Nem teve tempo de perceber sua imagem refletida estendendo a mão para fora do espelho e, num movimento rápido, rasgar-lhe a garganta.
Sem emitir um ruído sequer, deslizou até o chão, sentindo um arrepio frio em seu pescoço.
Sua imagem estava imóvel, observando-o com um sorriso malicioso. Apenas mais tarde, apercebendo-se de sua própria natureza, é que enfim sentiu um corte profundo na garganta e caiu, sangrando até a morte.