Se eu seguisse o ditado 'promessa é dívida', todos nós sabemos que eu estaria devendo até as calças (ou a cueca, ou... deixa pra lá), já que não costumo seguir muito o cronograma que eu mesmo traço e me disponho a cumprir no blog. Hoje, contudo, é um dia diferente. Hoje é o dia em que eu cumpri a minha promessa. A Adri fez bem em me lembrar nos comments do último post. Mas eu ia postar de qualquer forma. É que eu estava tentando escrever um conto especialmente pra hoje. Infelizmente, não consegui. Ao que parece, as ideias pra esse último me fugiram. Eu, que estava tão empolgado e cheio de expectativas, de repente me vi diante de uma folha de caderno em branco e não soube o que fazer. Alguns anos atrás eu largaria tudo e desenharia (eu costumava desenhar bastante, e até que levava jeito, sabe? Não que nem a Lali, claro - vulgo Vermeliasu). Bom, mas isso não quer dizer que não temos conteúdo. Não senhor. Primeiro, como nosso amigo Hermes disse no comentário dele (e como sei que também tem gente que tem essa vontade ou, no mínimo, curiosidade), é difícil de achar cursos sobre roteiro por aí. Portanto, eu achei melhor compartilhar algumas de minhas fontes com vocês. Todas na internet, gratuitas. Obrigado, mas não precisam aplaudir.
Bom, se você não tiver interessa nessa área, pode pular essa parte. Tem mais coisa lá embaixo.
O primeiro site é de Hugo Moss, que escreveu um manuel sobre formatação de roteiros, chamado 'Como formatar o seu roteiro'. Ele pode não ser muito criativo pra nomes, mas ele sabe do que fala. Deem uma lida e me digam que não é verdade.
O linke é:
http://www.films.com.br/intro.htm
O segundo é de Emilio Carlos. Um autor que, embora eu não conheça, bolou um "tutorial" muito interessante. Sei que é tudo meio básico e sem tanto desenvolvimento assim, mas é um curso pela internet gratuito. Já é muito mais do que NÃO ter um curso. Corrijam-me se eu estiver errado.
O link é:
http://www.mailxmail.com/curso-roteiro
E o último endereço é da Usina do Roteirista, um site também meio básico mas bastante interessante. Ao invés de tratar os temas da história do roteiro e do formato do roteiro em separado (como os dois últimos sites o fazem), trata os dois juntos, o que acabou me esclarecendo algumas dúvidas.
O link é:
http://screenwriter.sites.uol.com.br/formate.htm
Agora, para você que leu até aqui, ou que simplesmente pulou tudo, minha promessa cumprida. É um conto (não sei se se encaixa na especificidade do 'mini-conto', mas é bem pequeno) erótico; portanto, tirem as crianças da sala. Eu escrevi faz um tempo, mas não tinha postado ele aqui ainda. Ah, e por favor, tentem não entregar o final na seção de comentários. Sei que dá vontade de falar a respeito (até porque já msotrei o conto pra várias pessoas), mas minizem o que puderem, para não revelar o final pra quem não leu. Bom, era isso. Agora, como vocês:
Um caso de Amor
Chegaram ambos da festa e, sem perder tempo, dirigiram-se para o quarto. Sua consciência já pouco discernia o que faziam, influenciada por seu louco desejo um pelo outro. O vinho que tomaram fazia efeito, causando as risadas alegres e ansiosas que surgiam por entre as carícias.
Ela beijou-lhe o pescoço e começou a desabotoar-lhe a camisa, arrancando sua gravata com fúria. Desceu sua língua pelo peito descoberto dele, saboreando cada curva. Logo, ela chegou à calça e começou a esfregar o rosto contra o volume que se formava. Olhando para os olhos do seu par, ela lentamente abriu o zíper enquanto lambia os beiços, trazendo aquele membro grande e rígido para fora.
A mulher começou a brincar com ele, balançando-o em suas mãos e em seus lábios, até que o homem, não mais se contendo, puxou a boca dela contra o seu órgão, e ela começou a chupá-lo. Movendo sua cabeça para frente e para trás, ela extraiu dele gemidos de lascívia e de prazer, completados por diversos: ‘eu te amo’, ‘me chupa’, engole tudo’…
Quando ela terminou o serviço, um fio branco escorria pelo seu queixo, que ela puxou e engoliu sonoramente.
- Minha vez. – disse o homem, levantando a saia dela e ali mergulhando seu rosto, lambendo e chupando com veemência, sentindo a mão dela em seus cabelos, controlando-o com carícias gentis. Ele sentia um suco doce escorrer-lhe pelos lábios, derramando-se como um bom vinho que é degustado.
Quando ela estava satisfeita, puxou-o para dentro de si, num movimento cuidadosamente violento, sentindo-o pulsar como um coração. ‘Me come’, sussurrou ela para o seu amante, fazendo-o mover-se com ela, para frente e para trás, para frente e para trás. Sem piedade. Sem carinho. Um ritmo selvagem e incontrolável.
Uma volúpia voraz adonou-se de seus corpos, trazendo-os para junto de si tanto quanto podiam, ardendo como fogo um pelo outro, indo contra as leis da física, provando que dois corpos podem, sim, ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo, e mais, e estender-se e comprimir-se, e não eram dois, eram um só, e gemiam e gritavam e urravam e moviam-se, para frente e para trás, para trás e para frente, um contra o outro, agredindo-se com um apetite gentil e insaciável.
Beijaram-se loucamente, num momento selvagemente apaixonado e apaixonante. Então ele saiu de dentro dela e jogou-a ao chão, prostrando-a de quatro à sua frente. Ela o fitou como uma fera esperando seu macho, e levantou a saia, abrindo as pernas para ele.
Sem pestanejar, sem controle, ele atirou-se sobre ela e reiniciou o movimento.
- Goza! – dizia ela. – Goza em mim! Goza pra mim! Goza!
E ele, uma besta incontrolável, servo daquelas pernas, daquele corpo, daqueles olhos, uivava como um animal acuado, preso que estava dentro dela. Para frente e para trás, para frente e para trás, enfim entregou-se, jorrando quente dentro dela. Sentindo o seu amante, ela urrou de repente, jorrando então ela sobre ele, unidos em seu gozo mútuo e infalível.
E caíram ambos na cama, extasiados, acabados. Apaixonados.
- Gostou, meu querido? – perguntou ela, admirando-o.
- Adorei, mãe. – respondeu ele, aninhando-se entre os seus seios.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Ocupado (mas nem tanto)
Sei que estive ausente, e eu provavelmente estaria mais se não fosse pelo comentário da Marina. Por mais que seja só uma pessoa, é legal ver que os outros se importam. Talvez eu devesse fazer mais propaganda, invadir blogs alheios, incendiar sites e foruns, me promover na internet, etc. Pretendo fazer isso, mas eu em geral tenho uma grande dificuldade: por que fazer hoje o que você pode deixar para amanhã? Pois é, preguiça é brabo. Mas também não é só isso. Não!
Ultimamente, estive envolvido em projetos pessoais. Okay, mas o que é isso? Tem um nome legal, mas é meio vago, né?
É o seguinte, escrevi dois contos novos, dei uma revisada (e continuo dando) em vários contos antigos (a maioria deles não veio parar aqui, até por uma questão de tamanho) e fechei (mais ou menos (ok, agora vou parar de abrir parênteses (esse é o último, juro))) um livro. Um livro de contos. Até porque, escrever um romance é muito mais complexo e trabalhoso. Não que não seja possível, mas tenho me sentido muito mais à vontade com essa forma de escrita recentemente.
E, se o livro sair, vocês que aqui leem terão sido privilegiados; afinal, viram muito do material antes de sequer ser publicado. Estou agora em busca de emrpesas que aceitem publicar. Há a possibilidade em outros estados, mas como moro em Porto Alegre, acho melhor dar preferência a alguma daqui. O contato fica mais fácil e rápido, gente que mora no mesmo lugar, enfim. Dá para entender, né?
Além disso, não lembro se comentei aqui ou não, mas tive aulas de roteiro (para cinema e televisão) e entrei em contato com gente na área, o que possiblitaria um filme no futuro (um futuro próximo, imagino). Tenho lido a respeito e pretendo ler ainda mais, até para ter mais embasamento antes de começar. É provável também que eu faça um curso mais pra frente para me aperfeiçoar. Enfim, planos e projetos (esses sim estão em andamento).
Eu, em geral, não gosto de falar muito de mim. Pelo contrário, sempre busco outros temas sobre os quais dissertar e tentar partir daí, mas agora resolvi me abrir um pouco. Sabe até que é legal às vezes?
ps: antes do fim do post, eu pretendia colocar mais um mini conto aqui, mas resolvi deixar pra depois. Quarta-feira eu publico aqui com novidade. Sem falta!
Ultimamente, estive envolvido em projetos pessoais. Okay, mas o que é isso? Tem um nome legal, mas é meio vago, né?
É o seguinte, escrevi dois contos novos, dei uma revisada (e continuo dando) em vários contos antigos (a maioria deles não veio parar aqui, até por uma questão de tamanho) e fechei (mais ou menos (ok, agora vou parar de abrir parênteses (esse é o último, juro))) um livro. Um livro de contos. Até porque, escrever um romance é muito mais complexo e trabalhoso. Não que não seja possível, mas tenho me sentido muito mais à vontade com essa forma de escrita recentemente.
E, se o livro sair, vocês que aqui leem terão sido privilegiados; afinal, viram muito do material antes de sequer ser publicado. Estou agora em busca de emrpesas que aceitem publicar. Há a possibilidade em outros estados, mas como moro em Porto Alegre, acho melhor dar preferência a alguma daqui. O contato fica mais fácil e rápido, gente que mora no mesmo lugar, enfim. Dá para entender, né?
Além disso, não lembro se comentei aqui ou não, mas tive aulas de roteiro (para cinema e televisão) e entrei em contato com gente na área, o que possiblitaria um filme no futuro (um futuro próximo, imagino). Tenho lido a respeito e pretendo ler ainda mais, até para ter mais embasamento antes de começar. É provável também que eu faça um curso mais pra frente para me aperfeiçoar. Enfim, planos e projetos (esses sim estão em andamento).
Eu, em geral, não gosto de falar muito de mim. Pelo contrário, sempre busco outros temas sobre os quais dissertar e tentar partir daí, mas agora resolvi me abrir um pouco. Sabe até que é legal às vezes?
ps: antes do fim do post, eu pretendia colocar mais um mini conto aqui, mas resolvi deixar pra depois. Quarta-feira eu publico aqui com novidade. Sem falta!
sábado, 25 de julho de 2009
Aviso aos transeuntes
Olá a todos, e, uma vez mais, desculpem-me. Passei por alguns problemas de ordem pessoal que me indispuseram com a vida (mais ou menos), e me tiraram a vontade de mexer aqui. Além disso, como eu já disse, minha internet me odeia. Muito. Acho que por isso mesmo que o adaptador wireless (minha rede é sem fio) caiu no chão e quebrou, me deixando inconectável exceto por meio de computadores alheios.
Para variar, minha internet resolveu que eu não deveria me envolver com vocês, e convenceu meu pc a participar da maracutaia. Sim, só para digitar essa tripinha de texto, precisei mais de meia hora (tive reiniciar o pc, instalar a internet de novo, entre outras coisas).
Mais tarde ponho mais conteúdo aqui, mas tá difícil...
Para variar, minha internet resolveu que eu não deveria me envolver com vocês, e convenceu meu pc a participar da maracutaia. Sim, só para digitar essa tripinha de texto, precisei mais de meia hora (tive reiniciar o pc, instalar a internet de novo, entre outras coisas).
Mais tarde ponho mais conteúdo aqui, mas tá difícil...
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Desculpas...
Sinto muito pela falta de updates recentemente, mas tenho passado por uma série de dificuldades técnicas. A primeira é uma questão salutar. Eu tenho sinuzite, e o clima do Rio Grande do Sul é absolutamente inclemente, e pune severamente os mais fracos (no caso, eu). Só agora, com acesso a muitos remédios, é que estou voltando a ficar melhor. Mas nada demais, tb... Outro problema é tecnológico. Estou trocando de pc, e aparentemente, é muito difícil passar tudo o que eu tinha no antigo para o novo de forma funcional. Deve ser algo contra mim, não vejo outra explicação pras minhas máquinas viverem dando pau (vide post: Minha internet me odeia!).
Portanto, não tenho ainda o post que eu gostaria de ter escrito sobre a maravilhosamente complicada caligrafia japonesa. Mas, antes do choro da maioria, trouxe um conto que escreve há algum tempo, levemente acrescido (bem de leve), aqui exposto. Espero que gostem, e que eu melhore.
Frank
Jonas, vestindo seu tradicional jaleco branco, aproximou-se lentamente do homem na maca, admirando seu corpo nu e pálido. De pé, ele caminhou até os equipamentos ao lado da cama e começou a afiá-los.
- Sabe, Frank, eu sinto saudades suas. – Jonas começou a falar enquanto batia uma lâmina contra a outra. – Fazia tempo que não ficávamos assim, não é? De frente um pro outro, só nós dois. Bons tempos aqueles. Lembra quando você conheceu aquela mexicana, a Conchita? Não? Eu lembro. Gostosinha ela. Mas você também não era nada mal. Pena que envelhecemos, hein? – e bateu de leve no ombro do homem deitado.
- Você está frio, sabia? Frio. Se bem que eu gosto de frio. Lembra daquela nossa viagem pra Québec? Estava o que, menos trinta? E o pintinho também, menos que cinco. – e deu uma risadinha leve diante do corpo. – Que foi, não achou graça? Pois é, você sempre foi o mais comportado. – Jonas sentou-se num banquinho ao lado da maca e começou a apalpar o corpo. – Eu sempre fui o cara da sacanagem. Dá pra acreditar que eu casei? – logo, começou a cortar os dedos das mãos de Frank. – Que coisa estranha, não? Eu sempre achei que você fosse casar, construir uma família e… esse está difícil… ah… consegui. Seu dedo duro. – dessa vez, ele riu forte, admirando o dedo médio que acabara de decepar. – Viu só, é por isso que você está aqui. Tem dedos difíceis de cortar. – então, entre risos, Jonas apalpou a mão do corpo até chegar ao pulso, onde voltou a serrar.
- Eu conheci ela faz o que… uns dois, três anos? Sabe aquilo que você sempre dizia? Aquela coisa do amor, como é que era? Seus olhos são o caminho do seu coração? O caminho para o coração é através da visão? – ele terminou de cortar as mãos e foi para o bíceps. – Bom, era algo sobre amor à primeira vista. A gente sabe quando encontra a pessoa certa, não é? E foi isso mesmo o que aconteceu. Assim que nós nos olhamos, eu sabia. Ela era… nossa, não lembrava que você era tão forte. Belos músculos. Espero que meu filho seja assim. – ele terminou os braços e dirigiu-se para os ombros. – Aliás, eu te falei que vou ter um filho? Eu e a Adriana, é esse o nome da minha mulher, Adriana. Eu tinha esquecido de contar, não tinha? Hum… esse osso é difícil. Mas calma que já acabo… pronto. Dito e feito. Posso começar as pernas? Você não se importa, não é? Imaginei que não. Posso fazer os pés? Começo pelo direito, é claro. – e explodiu numa gargalhada enquanto tocava os pés.
- Bom, como eu ia dizendo, eu e ela nos apaixonamos e casamos. E agora vamos ter um filho. Eu estava pensando em dar o teu nome pra ele. Gostou da homenagem? Quer dizer, se for menino. Não dá pra ver na ecografia ainda. – Jonas serrou-lhe os dois pés e colocou-os num balde. Logo, começou a estudar os joelhos. – Faz pouco que ela está grávida. Nem dá pra notar direito. Você não faz idéia de como eu estou contente. É só nisso que eu consigo pensar. Eu vou ser pai! Não se preocupe, eu sei que você se você ainda tivesse os braços estaria me abraçando agora. – e começou a rir alto, sem conseguir se controlar. Após terminar os joelhos, foi para a virilha. – Piada maldosa, eu sei. A gente não deve chutar quem está por baixo, mas você me conhece, eu não consigo resistir. E… o que é isso que eu estou vendo… você está com frio de novo? – e voltou a rir diante do corpo. – Brincadeirinha. Eu sei o quanto você usou isso aqui. Quanta mulher. E cá entre nós, teve alguns homens também, não teve? – ele terminou de cortar as pernas e o pênis e abriu-lhe o tórax.
- Mas sabe de uma coisa, eu quero que o corpo do meu filho seja que nem o seu. Você sempre foi muito atlético. E veja aqui o seu coração. – rindo alto, Jonas guardou o órgão num saco plástico. – Eu gostaria que meu filho fosse um homem justo. De estômago forte também, não que nem o seu, que saiu com um cortezinho de nada. – e riu como antes, batendo um dos pés no chão. Suas bochechas já estavam doendo. – Admite que essa foi boa. Não? Senso de humor nunca foi uma de suas características marcantes. Isso eu espero que ele puxe de mim. Todo mundo iria gostar dele.
- Bom, agora que eu terminei por aqui, vamos para a cabeça. Eu vou rachar o seu crânio e extrair o seu cérebro. Pode doer um pouco… Bom, lá vai. – batendo forte, Jonas conseguiu quebrar-lhe o crânio e tirar o cérebro, intacto.
- Frank, seu cabeça oca. – e riu baixinho do seu comentário. – Agora, se você me dá licença, tenho que limpar tudo.
Jonas levantou-se e organizou todas as partes do corpo numa mesa ao fundo. Lavou o chão e foi trocar de avental. Demorou-se um pouco tomando banho, até que enfim voltou para a sala, vestindo um smoking. Sentou-se à mesa e, puxando um garfo e uma faca, disse:
- Então, por onde eu começo?
Portanto, não tenho ainda o post que eu gostaria de ter escrito sobre a maravilhosamente complicada caligrafia japonesa. Mas, antes do choro da maioria, trouxe um conto que escreve há algum tempo, levemente acrescido (bem de leve), aqui exposto. Espero que gostem, e que eu melhore.
Frank
Jonas, vestindo seu tradicional jaleco branco, aproximou-se lentamente do homem na maca, admirando seu corpo nu e pálido. De pé, ele caminhou até os equipamentos ao lado da cama e começou a afiá-los.
- Sabe, Frank, eu sinto saudades suas. – Jonas começou a falar enquanto batia uma lâmina contra a outra. – Fazia tempo que não ficávamos assim, não é? De frente um pro outro, só nós dois. Bons tempos aqueles. Lembra quando você conheceu aquela mexicana, a Conchita? Não? Eu lembro. Gostosinha ela. Mas você também não era nada mal. Pena que envelhecemos, hein? – e bateu de leve no ombro do homem deitado.
- Você está frio, sabia? Frio. Se bem que eu gosto de frio. Lembra daquela nossa viagem pra Québec? Estava o que, menos trinta? E o pintinho também, menos que cinco. – e deu uma risadinha leve diante do corpo. – Que foi, não achou graça? Pois é, você sempre foi o mais comportado. – Jonas sentou-se num banquinho ao lado da maca e começou a apalpar o corpo. – Eu sempre fui o cara da sacanagem. Dá pra acreditar que eu casei? – logo, começou a cortar os dedos das mãos de Frank. – Que coisa estranha, não? Eu sempre achei que você fosse casar, construir uma família e… esse está difícil… ah… consegui. Seu dedo duro. – dessa vez, ele riu forte, admirando o dedo médio que acabara de decepar. – Viu só, é por isso que você está aqui. Tem dedos difíceis de cortar. – então, entre risos, Jonas apalpou a mão do corpo até chegar ao pulso, onde voltou a serrar.
- Eu conheci ela faz o que… uns dois, três anos? Sabe aquilo que você sempre dizia? Aquela coisa do amor, como é que era? Seus olhos são o caminho do seu coração? O caminho para o coração é através da visão? – ele terminou de cortar as mãos e foi para o bíceps. – Bom, era algo sobre amor à primeira vista. A gente sabe quando encontra a pessoa certa, não é? E foi isso mesmo o que aconteceu. Assim que nós nos olhamos, eu sabia. Ela era… nossa, não lembrava que você era tão forte. Belos músculos. Espero que meu filho seja assim. – ele terminou os braços e dirigiu-se para os ombros. – Aliás, eu te falei que vou ter um filho? Eu e a Adriana, é esse o nome da minha mulher, Adriana. Eu tinha esquecido de contar, não tinha? Hum… esse osso é difícil. Mas calma que já acabo… pronto. Dito e feito. Posso começar as pernas? Você não se importa, não é? Imaginei que não. Posso fazer os pés? Começo pelo direito, é claro. – e explodiu numa gargalhada enquanto tocava os pés.
- Bom, como eu ia dizendo, eu e ela nos apaixonamos e casamos. E agora vamos ter um filho. Eu estava pensando em dar o teu nome pra ele. Gostou da homenagem? Quer dizer, se for menino. Não dá pra ver na ecografia ainda. – Jonas serrou-lhe os dois pés e colocou-os num balde. Logo, começou a estudar os joelhos. – Faz pouco que ela está grávida. Nem dá pra notar direito. Você não faz idéia de como eu estou contente. É só nisso que eu consigo pensar. Eu vou ser pai! Não se preocupe, eu sei que você se você ainda tivesse os braços estaria me abraçando agora. – e começou a rir alto, sem conseguir se controlar. Após terminar os joelhos, foi para a virilha. – Piada maldosa, eu sei. A gente não deve chutar quem está por baixo, mas você me conhece, eu não consigo resistir. E… o que é isso que eu estou vendo… você está com frio de novo? – e voltou a rir diante do corpo. – Brincadeirinha. Eu sei o quanto você usou isso aqui. Quanta mulher. E cá entre nós, teve alguns homens também, não teve? – ele terminou de cortar as pernas e o pênis e abriu-lhe o tórax.
- Mas sabe de uma coisa, eu quero que o corpo do meu filho seja que nem o seu. Você sempre foi muito atlético. E veja aqui o seu coração. – rindo alto, Jonas guardou o órgão num saco plástico. – Eu gostaria que meu filho fosse um homem justo. De estômago forte também, não que nem o seu, que saiu com um cortezinho de nada. – e riu como antes, batendo um dos pés no chão. Suas bochechas já estavam doendo. – Admite que essa foi boa. Não? Senso de humor nunca foi uma de suas características marcantes. Isso eu espero que ele puxe de mim. Todo mundo iria gostar dele.
- Bom, agora que eu terminei por aqui, vamos para a cabeça. Eu vou rachar o seu crânio e extrair o seu cérebro. Pode doer um pouco… Bom, lá vai. – batendo forte, Jonas conseguiu quebrar-lhe o crânio e tirar o cérebro, intacto.
- Frank, seu cabeça oca. – e riu baixinho do seu comentário. – Agora, se você me dá licença, tenho que limpar tudo.
Jonas levantou-se e organizou todas as partes do corpo numa mesa ao fundo. Lavou o chão e foi trocar de avental. Demorou-se um pouco tomando banho, até que enfim voltou para a sala, vestindo um smoking. Sentou-se à mesa e, puxando um garfo e uma faca, disse:
- Então, por onde eu começo?
domingo, 28 de junho de 2009
O país de Karin
Demorei, mas estou postando um update. Eu queria fazer algo melhor e um pouco diferente (estava pensando em falar sobre kanjis - os ideogramas japoneses), mas preferi colocar esse post aqui como "tapa-buraco" enquanto não escrevo o outro.
Esse é um dos contos mais estranhos que já escrevi (do qual, inclusive, muita gente não gosta). Para ser sincero, eu ainda tenho dúvidas sobre como escrevê-lo, o que fazer para melhorá-lo, etc. Talvez por isso mesmo seja uma boa ideia colocar aqui. Assim o pessoal pode ver e me dar algumas sugestões. Né?
Bom, divirtam-se. Espero semana que vem falar sobre a temida escrita japonesa...
O país de Karin
O país de Karin foi preso naquela manhã, sem mas nem choro. Ele tinha mal e mal uns seis meses; sete quando muito. Foi levado por uns homens vestidos todos de preto. Eles vieram escondidos, sorrateiros e, na calada da noite, levaram-no.
Alguns dizem que virou escravo. Outros, que foi morto. Mas do que não se tem dúvida, é de que sofreu.
Aqueles homens vestidos de preto eram conhecidos por sua crueldade. Ninguém sabia por que levaram aquele país tão jovem, mas deixaram centenas de idosos e crianças desabrigados. Sem pátria, tiveram que se mudar para algum outro país, o que se provou muito difícil. Afinal, país que se preze não deixaria seus filhos com essa gentalha. Se o país já fora preso, imagine o que aquela marginalia seria capaz de fazer.
Mas para algum lugar eles tinham que ir, e um que outro país, que acreditavam na inocência do que fora levado, aceitaram uns aqui, outros ali... E só uns poucos, que não tiveram sorte, ficaram no não-país.
Dez anos depois, ninguém sabe como nem de onde, o país voltou, e foram aquelas crianças, agora mais velhas, que o receberam. Mas ele estava tão desfigurado, tão diferente, que sequer o reconheceram. Alguns por pena, outros por educação, ofereceram-lhe aquela terra, que ele aceitou de muito bom grado. Estava felicíssimo por ter retornado para casa, e mais ainda por não terem perguntado quem era nem de onde vinha; ele não queria nem lembrar o que lhe acontecera naqueles anos todos. O único problema agora eram os antigos moradores, que não estavam gostando nem um pouco de ver aquele país estranho na sua terra. Então, reuniram-se e o mandaram embora.
Alguns dizem que ele foi pra outro lugar. Outros, que morreu. Mas do que não se tem dúvida, é de que sofreu.
Só Karin sabe que hoje, triste e solitário, ele vaga por aí, esperando pelo dia em que poderá voltar para casa. Enquanto isso, ela prepara a água morna do banho e o fogo da lareira, para poderem conversar como faziam na sua juventude.
Esse é um dos contos mais estranhos que já escrevi (do qual, inclusive, muita gente não gosta). Para ser sincero, eu ainda tenho dúvidas sobre como escrevê-lo, o que fazer para melhorá-lo, etc. Talvez por isso mesmo seja uma boa ideia colocar aqui. Assim o pessoal pode ver e me dar algumas sugestões. Né?
Bom, divirtam-se. Espero semana que vem falar sobre a temida escrita japonesa...
O país de Karin
O país de Karin foi preso naquela manhã, sem mas nem choro. Ele tinha mal e mal uns seis meses; sete quando muito. Foi levado por uns homens vestidos todos de preto. Eles vieram escondidos, sorrateiros e, na calada da noite, levaram-no.
Alguns dizem que virou escravo. Outros, que foi morto. Mas do que não se tem dúvida, é de que sofreu.
Aqueles homens vestidos de preto eram conhecidos por sua crueldade. Ninguém sabia por que levaram aquele país tão jovem, mas deixaram centenas de idosos e crianças desabrigados. Sem pátria, tiveram que se mudar para algum outro país, o que se provou muito difícil. Afinal, país que se preze não deixaria seus filhos com essa gentalha. Se o país já fora preso, imagine o que aquela marginalia seria capaz de fazer.
Mas para algum lugar eles tinham que ir, e um que outro país, que acreditavam na inocência do que fora levado, aceitaram uns aqui, outros ali... E só uns poucos, que não tiveram sorte, ficaram no não-país.
Dez anos depois, ninguém sabe como nem de onde, o país voltou, e foram aquelas crianças, agora mais velhas, que o receberam. Mas ele estava tão desfigurado, tão diferente, que sequer o reconheceram. Alguns por pena, outros por educação, ofereceram-lhe aquela terra, que ele aceitou de muito bom grado. Estava felicíssimo por ter retornado para casa, e mais ainda por não terem perguntado quem era nem de onde vinha; ele não queria nem lembrar o que lhe acontecera naqueles anos todos. O único problema agora eram os antigos moradores, que não estavam gostando nem um pouco de ver aquele país estranho na sua terra. Então, reuniram-se e o mandaram embora.
Alguns dizem que ele foi pra outro lugar. Outros, que morreu. Mas do que não se tem dúvida, é de que sofreu.
Só Karin sabe que hoje, triste e solitário, ele vaga por aí, esperando pelo dia em que poderá voltar para casa. Enquanto isso, ela prepara a água morna do banho e o fogo da lareira, para poderem conversar como faziam na sua juventude.
terça-feira, 23 de junho de 2009
Minha internet me odeia!
Caros leitores:
Minha internet odeia a mim, à minha alma, e tudo o que há entre elas. Aparentemente, qualquer coisa remotamente relacionada com conexão a cabo é tomado por um ódio incontido e continuado ao meu ser, então expresso na forma de ineficácia, descontinuidade, interrupção, bugs, problemas gerais. Atualmente, só o fato de eu conseguir entrar no site já é uma proeza, que dirá atualizá-lo.
Espero deixar claro que minha ausência holística (internet, e-mail, msn, blog, etc) fique esclarecida com o nome do post.
Boa noite...
Minha internet odeia a mim, à minha alma, e tudo o que há entre elas. Aparentemente, qualquer coisa remotamente relacionada com conexão a cabo é tomado por um ódio incontido e continuado ao meu ser, então expresso na forma de ineficácia, descontinuidade, interrupção, bugs, problemas gerais. Atualmente, só o fato de eu conseguir entrar no site já é uma proeza, que dirá atualizá-lo.
Espero deixar claro que minha ausência holística (internet, e-mail, msn, blog, etc) fique esclarecida com o nome do post.
Boa noite...
terça-feira, 2 de junho de 2009
Rabiscos no caderno
O próximo texto que eu vou postar aqui foi um achado no caderno. Escrevi no início do ano passado durante uma aula muito chata para um conto que eu planejava escrever. Era para ser um exercício de descrição - um esboço, digamos - para o texto subsequente. Pois bem, um ano depois, não é que olhando aquele caderno eu encontro esse excerto? Meio sem esperar, completamente de surpresa, olhei e me lembrei dele na hora. Até aquela hora, eu o havia varrido da memória. Até que foi bom reencontrar. Me deu uma visão mais "distante" da minha escrita. E sabem que achei o resultado positivo?
Bom, como gostei, decidi que iria postar esse excerto aqui (depois de tê-lo lido para minha namorada e ter recebido sua aprovação, claro):
Rabiscos no caderno
Percorrendo os metros finais da mina, Christian era cegado pela luz reconfortante do mundo externo. Quando enfim deixou a escuridão para trás, viu-se diante de uma extensa baía que terminava ao mar. A areia branca refletia o pôr-do-sol tal qual um grande diamante exposto à luz.
Ele caminhou adiante até o limite da terra, em que mar e céu se confundiam de tal forma que ele poderia nadar ou voar sem jamais saber a diferença; até o oxigênio que corria era o mesmo, e ele poderia morrer respirando no mar ou afogar-se nos ventos ao seu redor.
O sol desaparecia no horizonte, morrendo sem nunca morrer, ou surgia, nascendo sem nascer. Habitava um espaço entre o crepúsculo sombrio e a manhã enevoada.
O último lugar da Terra, antes que a realidade subisse numa balsa e se perdesse no oceano eternamente rubro, era habitado por fantasmas de sonhos e de esperanças, que o assombravam com os uivos vazios de um choro seco.
Um rumor de asas enchia o ambiente, e pássaros azuis cruzavam o céu rapidamente, aproveitando os últimos momentos que lhes restavam. Pois Finisterra não é apenas um lugar, é também um quando.
Bom, como gostei, decidi que iria postar esse excerto aqui (depois de tê-lo lido para minha namorada e ter recebido sua aprovação, claro):
Rabiscos no caderno
Percorrendo os metros finais da mina, Christian era cegado pela luz reconfortante do mundo externo. Quando enfim deixou a escuridão para trás, viu-se diante de uma extensa baía que terminava ao mar. A areia branca refletia o pôr-do-sol tal qual um grande diamante exposto à luz.
Ele caminhou adiante até o limite da terra, em que mar e céu se confundiam de tal forma que ele poderia nadar ou voar sem jamais saber a diferença; até o oxigênio que corria era o mesmo, e ele poderia morrer respirando no mar ou afogar-se nos ventos ao seu redor.
O sol desaparecia no horizonte, morrendo sem nunca morrer, ou surgia, nascendo sem nascer. Habitava um espaço entre o crepúsculo sombrio e a manhã enevoada.
O último lugar da Terra, antes que a realidade subisse numa balsa e se perdesse no oceano eternamente rubro, era habitado por fantasmas de sonhos e de esperanças, que o assombravam com os uivos vazios de um choro seco.
Um rumor de asas enchia o ambiente, e pássaros azuis cruzavam o céu rapidamente, aproveitando os últimos momentos que lhes restavam. Pois Finisterra não é apenas um lugar, é também um quando.
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