quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Mito da criação (parte 6)

Bom, sei que eu havia prometido essa parte para segunda-feira, mas deu aquela preguiça... Mas não foi só isso, claro. Essa parte já estava pronta na terça-feira. Só que, por algum motivo, a internet aqui de casa resolveu que não ia funcionar, então não tive como fazer updates. Pra falar bem a verdade, a internet do meu pc ainda não está funcionando, mas família é pra essas coisas, né? hehehe
Bom, sei que todo mundo já deve estar um tanto cansado com a história (já tem gente pedindo o final), e sinto muito desapontá-los, mas ele ainda não está pronto. Mas nada que não se resolva fácil, fácil.
Essa é a panúltima parte, e pretendo encerrar tudo na semana que vem, numa parte maior que as outras (afinal de contas, o fim tem de ser algo especial, memorável!).
Perdão pelos atrasos, mas acho que continuarão ocorrendo. hehehe
Pra semana que vem, planejo encerrar na quarta ou, mais tardar, quinta. Juro que disso não passa!
Sem mais delongas:

Mito da criação... 6

Jonathan tomou seu banho frio, como sempre, para espantar o cansaço que teimava em assombrar seu rosto, seus olhos, sua boca, sua expressão, seus gestos. Nesta manhã, contudo, vinha outro evento povoar seus pensamentos. Ele, Jonathan, iria ser pai.
Enquanto a água caía ao longo do seu corpo, percorrendo um caminho irregular, aquelas ideias insistiam em não deixar sua cabeça. Em pouco mais de cinco minutos, experimentara raiva, frustração, desespero, alegria, esperança, amor, descrença, negação, felicidade, entre tantos outros sentimentos para os quais as línguas humanas não têm palavras. Só não conseguia permanecer indiferente.
Desligou o chuveiro e secou-se demoradamente, sentindo a água que escorria de seus cabelos por suas costas num movimento intermitente, interminável, intercalando paradas bruscas com aceleração repentina.
Um aroma adocicado bailava no ar, invadindo suas narinas como jovens bailarinas dançando à música de um Stravinsky, rodopiando com seus pés fortes e delicados pelo interior das narinas em direção ao seu âmago. O cheiro de Julia tinha uma qualidade tal que lhe causava arrepios, reavivando memórias, relembrando-lhe de como se encontraram pela primeira vez na cafeteria, numa manhã auspiciosa de outono, como ele lhe comprou um buquê de rosas quando saíram pela primeira vez e descobriu, tarde demais, que ela era alérgica, como ela mexia em seus cabelos e lhe fazia cócegas, como haviam dormido juntos pela primeira vez, e como, no dia seguinte, disseram, também pela primeira vez: eu te amo. E não pararam desde então.
E pensando em tudo isso, memórias ativadas por um simples perfume, Jonathan soube que, mesmo estando ele inseguro, apavorado e completamente despreparado, era chegada a hora.
Vestiu-se para suas aulas, como sempre fazia, mas não pôde evitar que um sorriso – tímido a princípio – se formasse em seus lábios. Quando saiu, nem os óculos escuros conseguiam esconder o brilho em seus olhos.

4 comentários:

Barbarella disse...

Estou me sentindo quando compramos uma série completa em DvD e a vantagem é que não ficamos contando os minutos pra ver o próximo episódio... oba..hehe

mas como uma mortal, terei que esperar o que irá acontecer ao jonathan até o pr´ximo post. ok

Eu aguento.

**

Hermes disse...

Achei agradável de ler que nem os antariores. E o final está chegando, isso é bom! Assim fechará com chave de prata(prefiro prata a ouro.)
Memorável, quero ler esse conto em um bom livro, sentindo o papel entre os dedos.
Abraço.

. disse...

Adorei muito esta parte 6! Linda e sensorial, sem falar do fato de que já estás de acordo com a reforma ortográfica do português, escrevendo "ideia" sem acento - que é, com certeza, uma das coisas mais bizarras que já vi na vida, mas quem somos nós pra contestar a vontade do queridíssimo presidente?

Muito legais os novos rumos da história, soh não vá esquecer os personagens que nasceram na etapa 5, hein? Bjs

Marina disse...

Passando pela 6a parte para ler a última. Pena que vou ter que sair agora e precisarei deixar para depois. É bom que aumenta a expectativa. hehe