quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Minha vida

Bom, gente. Dessa vez me superei. Além de ter demorado duas semanas para postar alguma coisa, ainda demorei para comentar os dos outros (isso se comentei) e não escrevi nada de novo. Contudo, quando pensava sobre o que fazer hoje, cheguei à seguinte conclusão: um aluno de letras aplicado como eu certamente teria algum texto velho e surrado que os meus leitores não conheceriam. E nas minhas pesquisas na memória do meu pc, cá achei essa crônica, que escrevi ainda no primeiro semestre. Olhando agora, vejo várias coisas que gostaria de mudar, mas ainda assim, creio eu, ficou divertida. Espero que vocês gostem de ler tanto quanto eu gostei de escrever. Depois, quem sabe, reescrevo e gosto mais, não é? Se tudo der certo, isso é. Afinal, como já escrevi em post anteriores, minha internet me odeia, e está cada vez mais difícil de me conectar (estou postando isso do pc da minha mãe, por exemplo). Mas deixemos essa história para outra ocasião. Por ora, deixo-vos com:

Minha vida, meu pc

Ah! Tecnologia. Ciência. Computadores. As maravilhas do Mundo Moderno. O que seria de nós sem todas essas coisas e ainda mais? Com o avançar das eras, nos sentimos cada vez mais dependentes dessas ferramentas que facilitam nosso dia-a-dia e se tornaram partes integrais de nossas vidas.
Afinal, como poderíamos viver sem um pc conectado 24 horas por dia à Internet nos bombardeando com filmes pornôs, vírus e Chuck Norris? Porém, eles não se restringem a apenas isso. Ah, não! Há também os utilíssimos e informativos e-mails com formas de obtermos pênis maiores e ereções cada vez mais vigorosas.
Somos postos contra a parede, tal o volume de informações (normalmente inúteis, claro) que veiculam diante de nós. Com velocidade tal, digna de um Schumacher em seus bons tempos (aqueles, quando o Rubinho ainda era segundo piloto...). E, para acompanhar tudo isso, nada melhor que gastar constantemente em upgrades e peças novas para potencializar o pc. Afinal, só assim pra jogar o novo Fifa Soccer ou o RPG Online do momento. Felizmente, pra quem não tem uma máquina desse tipo (ou seja, toda a gurizada que não consegue extorquir os pais da maneira apropriada) ainda consegue ir numa LAN House saciar suas necessidades básicas. Ah! As maravilhas do Mundo Moderno.
No fundo, ter um pc é uma relação de amor e ódio. Ora ele é a ferramenta mais útil na face da terra, nos permitindo pagar contas e administrar nossa casa, ora ele estraga e leva todos os arquivos de todos os usuários junto. Isso se ainda não arrastar o proprietário pra uma clínica psiquiátrica como conseqüência de ter perdido aquele trabalho que demorou dias e mais dias de pesquisa só pra começar. E pra piorar, ainda fazem filmes como ‘O Exterminador do Futuro’ e ‘Matrix’, em que essas mesmas máquinas se voltam contra a humanidade, fazendo as piores coisas: nos privando de nossa liberdade, nos escravizando, assassinando nossa espécie, escondendo o controle da tv... esse tipo de coisa. E ainda assim não conseguimos viver sem eles.
Bom, pelo menos o meu funcionou o bastante pra terminar essa crônica.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O universo e a estupidez

O que venho falar aqui, dessa vez, é um episódio verídico que me aconteceu no final de semana passado, durante o feriado. Acho que esse é um tema novo no meu blog. Por incrível que pareça, acho que nunca falei de mim para além de questões superficiais, como objeto de estudo, objetivos, cursos, etc. Mas passemos ao caso. Antes contudo, é necessária uma pequena explicação. Eu tenho um amigo que é cego. O nome dele não importa, o que importa é que ele tem um doença degenerativa da retina, que atingiu um estágio atual que o deixou com menos de 10% da visão; estima-se que ele tenha algo em torno de 5% da visão, mas abaixo dos 10% fica muito difícil de precisar. Fato é que ele não tem a visão fóvica (vulga central), apenas a visão periférica. Somos amigos há algo em torno de 15 ou 16 anos, mas ele não tem como me reconhecer na rua a menos que eu chame a atenção dele, por exemplo. Vocês devem imaginar a dificuldade que é para atravessar ruas, pegar ônibus, etc. Naturalmente, ele usa óculos escuros e bengala. Ah, claro. Apesar da cultura geral ser de que só é cego quem não enxerga nada, existem vários níveis de cegueira. Ele sofre de baixa visão, que é um tipo de cegueira, por exemplo. Bom, adiante:
Fomos a uma festa, eu e ele. Apesar de sua condião poder indicar uma pessoa passiva, aflita e indefesa, ele é perfeitamente capaz de se virar, já me levou para um monte de festas, tem trabalho, estuda como todo mundo; enfim, exceto por sua visão, vive normalmente. Portanto, fomos à festa. Lá, como ele gosta de dançar, ele tirou várias gurias para dançarem com ele. Como ele tem noiva e é um sujeito sério, ele dança porque gosta, não porque tenha segundas intenções. Ele só pede a minha ajuda para dizer quem é guria ao redor.
Bom, algumas pessoas viram e devem ter ficado desconfiadas. Afinal, um cego dançando? Como pode isso? E tal ficou que começaram a passar a mão na frente do rosto dele para ver se ele enxergava. Eu comentei isso com ele, mas ele disse que não se importava, que não dava bola. Ele é um cara tranquilo. Outro dia, quando comentei da preferência dele em filas, em assentos de ônibus, etc: ele só me responde: "é, mas isso me custou os olhos da cara". Tranquilo e bem humorado. Até eu faço piada com ele. E além disso ele é judeu. Faço piada com isso também :P
Bom, elas passaram a mão na frente do rosto dele (sem tocá-lo, logicamente) e achei que fosse parar por aí. Contudo, no momento seguinte, uma das gurias tirou o óculos dele e começou a usar. Eu, bom amigo que sou, pedi educadamente para que ela devolvesse os óculos: "Ele é cego, sua ignorante!". A moça me olhou surpresa, meio aflita, e a amiga dela também. Me perguntaram se era sério, e eu disse que sim. Devolveram os óculos prontamente e começaram a pedir desculpas. Eu confesso que fiquei incomodado com elas e não queria muito papo, mas ele não pareceu se importar muito. Queriam que nos juntássemos a elas e nos deram uma cerveja. Eu, como disse, não estava com vontade de ficar, mas ele achou que seria até uma boa oportunidade de falar sobre o problema dele e esclarecer alguns preconceitos. Aceitei. Mas que podia eu fazer, largar ele ali? Ficamos mais um pouco.
Depois, ele começou a explicar tudo o que eu disse no topo: que ele sofria de baixa visão, tem menos de 5%, só tem a visão periférica, etc. Então, uma das gurias ficou braba com ele por ele não ser cego "de verdade". Que ele era um fingido porque ele enxergava, que ele (e eu, por acompanhá-lo) deveria sentir vergonha de fazer isso, e daí pra baixo. Ele, coerente e um tanto acostumado a discriminação, só disse: "vai estudar". E ela começou a espalhar que ele não era cego. Felizmente ainda tinha gente ali de bom senso que resolveu ignorá-la, gente que veio nos dar apoio ou pedir desculpas por ela. Mas também teve gente que nos mandou embora. Agora que nada mais nos prendia ali (muito antes pelo contrário), saímos. Um tanto escandlizados pelo evento, mas já presenciei outros assim. Certa vez, quando atravessava a rua com ele, na faixa de segurança, teve arro que começou a buzinar (para um cego!), abriu a janela e mandou o cego sair da rua, já que ele não conseguia atravessar.
É por essas e outras que sabemos que Einstein tinha razão quando disse: "Apenas duas coisas são infinitas, o universo a estupidez humana, e eu não tenho certeza quanto ao primeiro".